A nossa cruz – Parte 2

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A nossa cruz – Parte 2   |  Textos: Diversos

Há várias passagens na Bíblia Sagrada que nos revelam o que é necessário para se viver uma vida cristã genuína. Vamos ler e meditar em algumas dessas passagens.

1.ª passagem: Mateus 10:38,39: … 38 e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim. 39 Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á.
– Tomar a nossa cruz e perder a nossa vida por causa de Jesus.
– Nesta passagem, o foco hoje será: O trabalho da cruz em nossas afeições naturais.

2.ª passagem: Mateus 16:24,25: 24 Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. 25 Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. Este mesmo acontecimento encontra-se também em Marco 8:34,35 e Lucas 9:23,24.
– Negar-se a si mesmo, tomar a nossa cruz e perder a nossa vida por causa de Jesus.
– Nesta passagem, o foco hoje será: O trabalho da cruz na nossa autopiedade.

3.ª passagem: Lucas 14:26,27,33: 26 Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27 E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo. 33 Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.
– Aborrecer os nossos familiares e a nós mesmos, tomar a nossa cruz e renunciar a tudo quanto temos.
– Nesta passagem, o foco hoje será: O trabalho da cruz no nosso egocentrismo.

4.ª passagem: Lucas 17:33: Quem quiser preservar a sua vida perdê-la-á; e quem a perder de fato a salvará.
– Perder a nossa vida de fato.
– Nesta passagem, o foco hoje será: O trabalho da cruz no nosso amor pelo mundo e por bens materiais.

5.ª passagem: João 12:25: Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna.
– Odiar a nossa vida neste mundo.
– Nesta passagem, o foco hoje será: O trabalho da cruz na nossa autoglorificação.

Obviamente, vamos recorrer aos contextos imediatos dessas passagens para não corrermos o risco de não discernirmos o que realmente Jesus está nos dizendo e o que Ele exige de nós.

Amados irmãos, é inquestionável que Jesus deixa bem claro que o Seu discipulado é rigoroso. Ele também nos faz saber desde o começo o que de pior pode nos acontecer; pior na nossa compreensão, não na Dele.
Tomar a cruz é andar pelo caminho da cruz. A nossa cruz é um caminho estreito de sofrimentos.
O discípulo que não toma a própria cruz, na verdade, tenta viver algo impossível: Uma vida cristã nominal. Não há como seguir Jesus se não tomarmos a nossa cruz.
Quando tomamos a nossa cruz nos deparamos com o mesmo tipo de oposição que Jesus sofreu quando esteve aqui na terra.
Se Jesus sofreu, foi humilhado, perseguido, envergonhado, tentado, desprezado, rejeitado, contraditado, mal interpretado, odiado, xingado, injuriado, ridicularizado, escarnecido, morto etc.; nós também seremos se andarmos pelo caminho da cruz.
Mas é andando pelo caminho da cruz que achamos realmente o sentido da nossa vida em Cristo; onde todos nós temos comunhão com Ele na edificação da Sua igreja.

Aborrecer os nossos familiares e a nós mesmos significa amar Jesus muito mais do que a eles e a nós mesmos.
Quando nos convertemos e nos tornamos seguidores de Jesus, alguns dos nossos familiares não gostaram, enquanto outros, ficaram até contra nós. Geralmente, é isso que acontece.
Todos nós amamos os nossos familiares. Mas nenhum laço afetivo pode impedir o senhorio de Jesus sobre nossas vidas.
Jesus jamais ensinaria a não amarmos os nossos familiares. Se Ele ordena amarmos os nossos inimigos, é claro que Ele jamais nos pediria para não amarmos os nossos familiares.
O que Ele realmente está nos dizendo é que o amor que sentimos por Ele deve ser supremo, superior ao amor que temos por nós mesmos e superior ao amor que temos pelos nossos familiares. Devemos amá-Lo mais do que tudo e todos.
O nosso amor por Ele deve exceder ao amor que sentimos por nós mesmos e pelos nossos familiares. Porque se assim não for, não estaremos dependendo totalmente Dele, tampouco, nos dedicando inteiramente a Ele, e também não obedecendo Ele em tudo.
Na vida de um discípulo, Jesus tem prioridade sobre pai, mãe, filho, filha, nora, sogra etc. Este é um dos custos do discipulado.
Penso que esta seja uma das Palavras de Jesus mais difícil de ser compreendida, e que por isso muitos não têm andado pelo caminho da cruz.
Quando de fato andamos pelo caminho da cruz e morremos para nós mesmos, o nosso amor por nós mesmos e pelos nossos familiares, inclusive por aqueles que se opuseram a nós quando nos convertemos, se alinha ao padrão de relacionamento de Jesus, que se relacionava neste mundo perfeita e adequadamente com o Pai e com todos os homens.
É pelo trabalho da cruz que o nosso amor supremo por Cristo se torna o alicerce de todas as nossas afeições naturais, de todos os nossos relacionamentos.

A cruz precisa trabalhar na nossa autopiedade.
A autopiedade nos leva a pensar que somos uns coitados; que somente nós é que trabalhamos, sofremos e temos problemas na vida e, por isso, os irmãos e o ministério precisam entender e aceitar a nossa ausência e o nosso não envolvimento na obra de Deus.
Quando Jesus disse aos Seus discípulos que em Jerusalém Ele sofreria muitas coisas e que morreria pelas mãos dos anciões, Pedro, movido pela autopiedade, reprovou Jesus. O que Jesus lhe disse: Arreda, Satanás!
Pedro, na verdade, estava desviando Jesus do caminho da cruz, pois pensava como qualquer homem comum.
A autopiedade nos desvia do caminho da cruz.
É pelo trabalho da cruz que nos libertamos da nossa autopiedade.

Tomar a nossa cruz significa morrer para o nosso “eu”, para nós mesmos, para viver para Ele e morrer por Ele.
É negar-se a si mesmo. É perder de fato a nossa vida por causa de Jesus.
Nossa vida não pode ser egoísta, centrada em nós; mas cristocêntrica, centrada unicamente em Cristo.
O nosso “eu” tem roubado o lugar de Jesus em nossos corações.
Vocês já perceberam como amamos a nossa pessoa?
A cruz é um meio de execução. No caminho da cruz fazemos morrer, todos os dias, a nossa natureza terrena, o nosso velho homem, o nosso “eu”.
Jesus diz que é necessário calcular o preço a pagar para segui-Lo.
Para nos ajudar nesse cálculo, Jesus usou duas ilustrações: A de um homem que pretendia construir uma torre; e a de um rei que pretendia combater outro rei que possuía o dobro de seus soldados.
O que ambos deveriam fazer antes de tomarem uma decisão era calcular o preço que pagariam para o que pretendiam realizar.
Assim tem que ser também com aqueles que desejam seguir Jesus.
Para seguirmos Jesus como Seus discípulos devemos calcular o custo que pagaremos.
Penso que Lucas 14:33 seja um dos versículos menos populares da Bíblia. Nele está escrito: Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.
É pelo trabalho da cruz que a nossa vida deixa de ser egocêntrica e passa a ser cristocêntrica.

Buscamos por riquezas e pela nossa autopreservação neste mundo.
Jesus nos revela que o nosso amor pelo mundo e por bens materiais também querem tomar o lugar Dele em nossos corações e nos desviar do caminho da cruz.
Ninguém aceita naturalmente a ideia de sofrer e passar necessidades, tampouco de morrer.
Por isso buscamos por segurança, riquezas, bem-estar, conforto, comodidade, luxo etc.; mas esta busca nos desvia da nossa cruz.
Por sermos egoístas, queremos salvar a nossa vida, custe o que custar. Por isso, sempre procuramos evitar os sofrimentos que nos é garantido se tomarmos a nossa cruz.
O nosso ego não quer passar necessidades e nem correr riscos; não quer sofrer oposição, aflição, opróbrio, ataque, ódio, humilhação, desprezo, rejeição, difamação, solidão, morte; etc.
Infelizmente, muitos ganham o mundo e se tornam ricos, mas perdem a sua alma. E perder a alma não é algo passageiro, mas eterno.
Jesus nos diz para nos lembrarmos da mulher de Ló, que olhou para o que mais amava, o mundo e bens materiais.
O amor pelo mundo e por bens materiais impede-nos de andar pelo caminho da cruz.
A nossa luta na busca por riquezas e para preservarmos a nossa vida neste mundo nos desvia do caminho da cruz.
É pelo trabalho da cruz que deixamos de amar o mundo e bens materiais. Lucas 17:33

Os gregos quiseram ver Jesus, provavelmente, para exaltá-Lo; não por ser Ele o Filho de Deus, mas por acharem que Ele era um grande filósofo e sábio.
Muitos sonham com situações como essa para se auto gloriarem. No caso, ao invés da cruz, preferem a autoglorificação. Mas não é assim com o nosso Senhor.
Jesus disse que a hora de Sua glorificação havia chegado, e que esta hora começaria com Sua crucificação e morte, seguida de Sua ressurreição e ascensão.
Não há autoglorificação quando andamos pelo caminho da cruz, porque por este caminho odiamos a nossa vida neste mundo para preservá-la para a vida eterna.
É pelo trabalho da cruz que abandonamos a autoglorificação. João 12:25

Como a cruz trabalha em nossas vidas? De duas maneiras, como o Senhor nos disse a semana passada: Pela Palavra de Deus e pelo Seu cuidado providencial para conosco.
O Senhor nos convida a segui-Lo. Isso significa, como vimos: Tomar a nossa cruz; Perder de fato a nossa vida por causa de Jesus; Negar-nos a nós mesmos; Aborrecer os nossos familiares e a nós mesmos; Renunciar a tudo quanto temos; Odiar a nossa vida neste mundo.
Para isso, precisamos renunciar voluntariamente qualquer direito de planejar ou escolher, e reconhecer o senhorio de Jesus em todas as áreas da nossa vida.
Negarmos a nós mesmos e tomarmos a nossa cruz é decidir viver o estilo de vida que Jesus viveu. Esta sim é a vida genuína.

É Cristo que tem que ter a primazia em nossos corações, em nossas vidas. Colossenses 1:18

Ao nosso Senhor seja a honra, o poder eterno, a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém.

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