A cura de Pedro.

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João 13.1-11 – João 13.34-38 – João 21.15-17

O nosso chamado para a comunhão é para que amemos uns aos outros da mesma maneira que Jesus amou os Seus primeiros discípulos. João 13.34,35
Como Jesus amou Seus primeiros discípulos? … tendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. João 13.1

João 13.1-11 relata o momento em que Jesus lava os pés de Seus discípulos.
Jesus lavou os pés de Seus discípulos porque Ele sabia que viera de Deus e que voltava para Deus. João 13.3
Quando não temos a capacidade de servir aos irmãos é porque não sabemos bem de quem somos; é porque não conhecemos perfeitamente, ainda, a nossa identidade. Mas Jesus conhecia muito bem Sua identidade.

E Pedro, como sempre, tem algo a dizer: Nunca me lavarás os pés. João 13.8
A mente de Pedro não compreendia o senhorio e o serviço de Jesus. Como poderia Aquele, a Quem o Pai exaltaria sobremaneira (Filipenses 2.9-11), lavar os pés sujos de Seus discípulos?
Jesus está entronizado. Ele é e sempre será o Rei dos reis, Senhor dos senhores e Servo dos servos.
Bem-aventurados aqueles servos a quem o senhor, quando vier, os encontre vigilantes; em verdade vos afirmo que ele há de cingir-se, dar-lhes lugar à mesa e, aproximando-se, os servirá. Lucas 12.37

Pedro perguntou a Jesus: Senhor, tu me lavas os pés a mim? Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois. João 13.6,7
Quando que Pedro compreenderia essa atitude de Jesus? Depois da chegada do Espírito Santo, quando essas coisas se lhe tornariam claras e ele se tornaria um servo do Senhor.

Segundo os estudiosos, Pedro deveria ser mais velho que Jesus e, por isso, achava-se no direito de dar conselhos para um judeu mais novo, no caso, para Jesus. Por exemplo, em Mateus 16.22, Jesus prediz seu sofrimento e morte e Pedro O reprova.
Pedro pensava com a mente dos homens, que é dominadora, suprema e cheia de vontade própria; não com a mente redentora e de servidão do Senhor. Por isso que disse a Jesus: Nunca me lavarás os pés.
Ver Jesus lavando os pés de Seus discípulos, na concepção de Pedro, era uma atitude inconcebível e que fugia completamente dos padrões da época.

Embora Jesus tenha preparado todo aquele ambiente e todo aquele cenário glorioso, Pedro diz a Ele: Nunca me lavarás os pés.
Pedro disse dessa maneira ao Senhor porque estava cheio de vontade própria. A mente de Pedro não conseguia compreender o Senhor e Mestre servindo, e de maneira tão degradante como estava acontecendo.
Para Pedro, a lavagem dos pés dos discípulos até poderia ser feita, mas nunca por Jesus e daquela maneira.
Que a nossa vontade própria se curve diante de Seu verdadeiro Senhor, Jesus, que é o Rei dos reis, Senhor dos senhores e Servo dos servos.

A resposta de Jesus à afirmação de Pedro foi: Se Eu não te lavar, não tens parte comigo. Em outras palavras: Se Eu não te lavar, você não poderá cooperar comigo no Meu ministério e no Meu serviço; você não poderá ser Meu discípulo.
E Pedro pede algo a Jesus: Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça.
Pedro representa muito bem a gente. No primeiro momento, ele não queria que Jesus lavasse seus pés, agora, ele quer mergulhar na bacia.
E Jesus lhe declara: [Não Pedro!] Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais, está todo limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos.
Portanto, para os discípulos serem cooperadores do Senhor em Seu ministério e serviço, precisariam se humilhar.

O que o Espírito Santo está revelando a nós é o “eu” entronizado na vida de Pedro. Esta é a vida do “eu”. E como já disse, Pedro representa muito bem a cada um de nós.
Vimos até agora dois elementos do “eu” entronizado:
Vontade própria: Nunca me lavarás os pés.
Interesse próprio: Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça.
Pedro não estava preocupado com os demais discípulos.

Mas havia mais um elemento no “eu” de Pedro a ser golpeado: Sua autoconfiança.
Perguntou-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Respondeu Jesus: Para onde vou, não me podes seguir agora; mais tarde, porém, me seguirás. Replicou Pedro: Senhor, por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a própria vida. João 13.36,37
Essa é a terrível autoconfiança do “eu”. Por isso que Paulo escreveu assim aos Coríntios:
Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim no Deus que ressuscita os mortos;… 2 Coríntios 1.9

A autoconfiança é o último elemento do “eu” que se dobra diante do Senhor.
Somos terríveis em confiarmos em nós mesmos: Nossos recursos, posição, autoridade, força, inteligência, visão, estratégias, esperteza, experiência, depósito, etc.
Jesus respondeu assim à réplica de Pedro: Darás a vida por mim? Em verdade, em verdade te digo que jamais cantará o galo antes que me negues três vezes. João 13.38
Será que a autoconfiança de Pedro acreditou nessas palavras de Jesus? Não!

O discipulado na escola de Jesus não é do “zero” ao “dez”, mas do “dez” ao “zero”. Na escola de Jesus, todos são discipulados do “dez” ao “zero”.
Quando Jesus nos chamou para Si, achávamos que éramos melhores do que os outros, que éramos os “nota dez”, os destacáveis, os fora de série, etc.
Pedro, assim como nós, também se achava “dez”, mas Jesus o fez chegar ao “zero”.
Jesus também fará a gente chegar ao “zero”.
Jesus golpeou o “eu” de Pedro porque o amava; …pois que filho há que o pai não corrige? Hebreus 12.7
Esses três elementos do “eu” de Pedro (que são nossos também): vontade própria, interesse próprio e autoconfiança, foram confrontados e golpeados por Jesus, pois o seu “eu” teria que se render ao seu verdadeiro Senhor, Jesus.

Mateus 26.69-75, Marcos 14.66-72, Lucas 22.54-62 e João 18.15-18; 25-27, relatam o momento em que Pedro, que se achava melhor do que os outros, recebeu por três vezes no discipulado de Jesus a nota zero. Marcos 14.29
Por três vezes Pedro negou que conhecia Jesus. Quando o galo cantou, ele se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes.
Caindo em si, chorou amargamente, pois sua autoconfiança havia levado o golpe fatal.
O que será que Pedro estava pensando quando chorava amargamente por ter negado Jesus? Imagino que seja: Acabou para mim. Eu não sirvo para Ele. Eu estou perdido.

Após esse golpe fatal em sua autoconfiança, Pedro ficou completamente perdido, literalmente perdido, arrasado, aniquilado; por isso foi pescar. Foi pescar porque havia perdido o propósito. Só que não pescou um peixe sequer. João 21.1-14.
CLIQUE AQUI para obter mais alguns detalhes sobre João 21.1-14.

Então, o Senhor vai ao encontro de Pedro. Isso é discipulado. Todos nós achamos que somos melhores do que os outros, mas a cada dia o Senhor nos reduz, e nos reduz… E na medida em que Ele nos reduz, Ele também nos encontra.
Pedro não consegue dizer uma única palavra, pois está diante Daquele a quem havia negado por três.

O braseiro que Jesus acendeu na praia foi também para que a memória de Pedro fosse levada até aquele primeiro braseiro, no pátio da casa do sumo sacerdote, onde Pedro negou Jesus pela terceira vez (João 18.15-18; 25-27); para que aquele primeiro braseiro, o da autoconfiança, fosse substituído pelo segundo braseiro, o da rendição, da cura e da restauração.
E diante de Jesus e daquele braseiro, Pedro não poderia ter outra postura senão a de permanecer calado.
E assim, Jesus serviu o café da manhã àqueles sete homens sem propósito. Esse é o nosso Senhor.

O Senhor sempre nos leva a sério. Pedro disse a Jesus: Senhor, porque não posso seguir-Te agora? Por ti darei a própria vida. João 13.37. E a ocasião para Pedro cumprir esta palavra chegou, porém, ele não conseguiu cumpri-la, o que levou sua autoconfiança a levar um golpe mortal. Por isso, Jesus preparou aquele ambiente e aquele cenário, para curar e restaurar a Pedro e os demais discípulos.
E Jesus inicia a restauração de Pedro fazendo-lhe três perguntas.
Mas antes de meditarmos nessas três perguntas e em suas respectivas respostas, quero fazer uma breve observação.

Há vários vocábulos no grego para “amor”. Os mais conhecidos são:
Ágape – Amor de Deus, incondicional, sacrificial, que não espera nada em troca.
Philia – Amor fraternal, amizade.
Storge – Amor conjugal, familiar, doméstico.
Eros – Amor sensual, físico, carícia, relação sexual.

Vamos ver, então, os vocábulos que Jesus e Pedro usaram para “amor”.

Simão, filho de João, amas-me [ágape] mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo [philia]. Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeiros. João 21.15
Parafraseando: Pedro, amas-me incondicionalmente? Sim, Senhor, eu gosto muito de Ti.

Simão, filho de João, tu me amas [ágape]? Ele lhe respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo [philia]. Disse-lhe Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas. João 21.16
Parafraseando: 
Pedro, tu me amas incondicionalmente? Sim, Senhor, eu gosto muito de Ti.

Simão, filho de João, tu me amas [philia]? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas [philia]? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo [philia]. João 21.17
Parafraseando: 
Pedro, você gosta de Mim? Pedro entristeceu-se por Jesus lhe ter dito: Você gosta de Mim? Sim, Senhor, eu gosto muito de Ti.

Pedro é um perdido que tem uma única esperança: O amor do Senhor por ele.
Veja que Pedro não confia mais no amor dele pelo Senhor.
Por isso que Jesus foi ao seu encontro no mar da Galileia.
Pedro é de Jesus e Jesus é de Pedro. Nós também somos de Jesus e Jesus é nosso.
O amor ágape de Jesus perseguiu Pedro e o encontrou naquela praia, porque o amor ágape nunca desiste, vai sempre até ao fim.

E nós, confiamos no nosso amor por Ele ou no amor Dele por nós?
Será que gostamos muito de Jesus ou será que O amamos incondicionalmente, sacrificialmente, sem esperar Dele nada em troca?

Jesus disse para Pedro apascentar e pastorear Suas ovelhas.
Após o Senhor dizer pela terceira vez a Pedro para apascentar Suas ovelhas, foi que Pedro entendeu que isso só seria possível se ele amasse a Jesus com o amor ágape, isto é, se ele amasse a Jesus e o rebanho incondicionalmente, sacrificialmente, sem esperar nada em troca, como Jesus fez com eles.
Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. João 13.34
… tendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. João 13.1

Após ir ao encontro de Pedro e restaurá-lo, Jesus lhe disse: Segue-me. João 21.19,22.
E assim, zerado de vontade própria, zerado de interesses próprios e zerado de autoconfiança, Pedro segue Jesus e cumpre o que Lhe dissera: Por ti darei a própria vida.
Zerado de seu “eu”, Pedro morreu por amor [ágape] a Jesus e ao rebanho de seu Senhor.

Se for o caso, que também deixemos de gostar muito de Jesus e de nossos irmãos, e passemos a amá-los incondicionalmente, sacrificialmente, sem jamais esperar algo em troca.

Obrigado Senhor.

Esta mensagem foi pregada por Paulo Durvanier Moreira Filho, pastor, no dia 14/10/2018 (domingo), às 9:00 horas, no MAC Vila Barros – Guarulhos – SP.

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