Liderança espiritual – parte 1

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Jesus Cristo, o nosso Senhor, nos reuniu aqui hoje para nos falar sobre liderança espiritual.
Há uma diferença enorme entre a liderança humana e a liderança espiritual.
A liderança humana, obviamente, está centrada no “eu”. Por isso, onde há liderança humana há também: carnalidade, egoísmo, soberba, orgulho, justiça própria, vaidade, autoconfiança, inveja, intrigas, contendas etc.
Já a liderança espiritual tem como único centro o Filho de Deus, Jesus Cristo, o nosso Senhor, o nosso Dono, o nosso Salvador.
Para que possamos compreender melhor a liderança espiritual, para o encontro de hoje, vamos tomar especialmente como exemplos o patriarca Abraão e o apóstolo Paulo.

No primeiro encontro de Jesus com Saulo, na estrada para Damasco, ele recebeu a revelação sobre Jesus e a igreja.
Atos 9:3-6: Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele perguntou: Quem és tu, Senhor [Kyrios]? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; mas levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer.
Para Saulo, Jesus era um enganador e estava morto, e Seus seguidores, uma peste que pertenciam à seita do nazareno, e que deveriam morrer.
Em sua mente, ele não perseguia Jesus, mas um bando de fanáticos.
Mas na estrada para damasco Saulo percebeu que quem lhe falava era Deus, pois o chama de Senhor [Kyrios].
E Deus [Kyrios] lhe disse: Eu sou Jesus, a quem tu persegues…
O relacionamento de Saulo com Jesus teve início nesse encontro e com essa revelação: Que Jesus é Deus; e que a igreja é o corpo de Cristo no mundo.
Saulo recebeu a revelação que não perseguia os discípulos de Jesus, mas o próprio Jesus.
Jesus mandou que ele se levantasse do chão. Quando ele abriu os olhos, nada podia ver. E, guiado pelas mãos dos seus companheiros de viagem, foi levado até Damasco, pois lá lhe diriam o que fazer.

Saulo, que confiava na carne, que se considerava um hebreu de hebreus e um fariseu zeloso e irrepreensível quanto a justiça que há na Lei; que tinha justiça própria; ficou cego por três dias e percebeu que nada sabia; pois tudo o que ele pensava ser e saber, considerou perda, esterco e refugo por causa de Cristo; para ganhar a Cristo; para ser achado em Cristo; para conhecer a Cristo e o poder da Sua ressurreição; para participar dos sofrimentos de Cristo; etc.
Jesus ordenou que Ananias, que era um discípulo do Senhor que morava em Damasco, fosse até onde Saulo estava para impor-lhe as mãos para que recuperasse a vista.
Antes de Ananias ir, Jesus lhe disse que Saulo era um instrumento escolhido por Ele para levar o Seu nome perante os gentios e reis, bem como aos filhos de Israel; e que Jesus lhe mostraria o quanto importava sofrer pelo nome Dele.
Estas palavras que o Senhor disse para Ananias revelam a forma como Deus trataria com este vaso tão precioso chamado Saulo.
Não foi somente o apóstolo Paulo que foi tratado e que sofreu por Jesus e pelo Evangelho, mas também todos os apóstolos e discípulos do Senhor.

Saulo então, desde o princípio, sabia o quanto sofreria por Jesus e pelo Evangelho.
Se alguém perguntasse a Paulo: Você vai morrer por Jesus e pelo Evangelho? Sem dúvida que ele responderia: Sim, sei que mais cedo ou mais tarde me matarão por causa de Jesus e do Evangelho.
Paulo já tinha sobre sua vida a sentença de morte. 2 Coríntios 1:9
Por onde quer que passasse, ele enfrentava severa oposição e hostilidade por parte dos judeus e dos gentios.
Aqueles que se consagram verdadeiramente ao Senhor, ao Evangelho e à obra de Deus, estão sujeitos a passarem por tribulações acima de suas forças, a ponto até de desesperarem da própria vida. 2 Coríntios 1:8

Por que o Senhor sentencia à morte os Seus discípulos? Para que não confiem em si mesmos, mas em Deus que ressuscita os mortos. 2 Coríntios 1:9
O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo conforta em toda a tribulação aqueles que não confiam em si mesmos; Ele conforta aqueles que Nele confiam. 2 Coríntios 1:4,9
Deus consola Seus discípulos nas suas tribulações para que consolem, com a mesma consolação com que são consolados por Deus, aqueles que estão angustiados e atribulados. 2 Coríntios 1:4
Somente quem passou tribulações por Jesus e pelo Evangelho é que têm a palavra certa para aqueles que são chamados a correr a mesma carreira. 2 Coríntios 1:6
Temos então um princípio espiritual: Tudo o que o Deus faz em nossas vidas não tem como objetivo principal as nossas próprias vidas, mas a vida de outras pessoas.

Para compreendermos um pouco mais sobre este princípio espiritual, vamos ler o que Deus disse em Seu primeiro encontro com Abraão:
Gênesis 12:1-3: Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.
O que Deus prometeu a Abraão quando o tirou da cidade de Harã? Abençoá-lo: De ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome, em ti serão benditas todas as famílias da terra.
E qual foi o mandamento que Deus deu para Abrão? Sê tu uma bênção!
Abrão deveria ser um abençoador como Deus é. O Senhor o abençoou para que ele abençoasse outras pessoas.
Portanto: Tudo o que Deus faz em nós, Ele tem como propósito: bênçãos, benefícios, edificação e vida para outras pessoas, em particular para com Sua igreja, mas também para com aqueles que se perdem.
É de vital importância discernirmos este princípio espiritual.

Como vimos, Paulo recebeu a sentença de morte que Deus pôs em sua vida.
Entenda bem: Esta sentença de morte significa morrer por Cristo e pelo Evangelho.
Paulo então discerniu a razão e o efeito dos sofrimentos e das tribulações em sua vida como servo de Deus.
A maioria aqui exerce ou já exerceu uma liderança.
A liderança espiritual não se limita apenas a pessoas específicas, como vocês, por exemplo, mas a todos os servos de Deus.
Os limites da nossa liderança espiritual, isto é, até aonde podemos ir, obviamente, é o próprio Senhor quem nos dará, pois trata-se de uma prerrogativa da soberania do nosso Senhor.
Como e onde Deus usará a cada um de nós, compete exclusivamente a Ele.

O chamado de Abraão, primeiramente, foi para ser íntimo de Deus, para que conhecesse profunda e intimamente a Deus.
Abraão levantou quatro altares ao Senhor. E altar na Bíblia sempre fala de consagração.
Abraão, então, a partir do dia em que Deus falou com ele na cidade de Harã, diariamente, passou a consagrar sua vida a Deus.

Abraão foi chamado também para ser um representante do Senhor no mundo.
Todos aqueles que são membros do corpo de Cristo têm que ser íntimos do Senhor e representá-Lo no mundo.
Nossa intimidade com Deus não é apenas para que vivamos essa intimidade, nós e Deus, e ponto final; mas é para que possamos representá-Lo no mundo, onde quer que coloquemos a planta dos nossos pés.
Por isso que de Deus somos embaixadores. 2 Coríntios 5:20

O segredo da liderança espiritual de Abraão e de Paulo foi a intimidade que tinham com Deus, que os levou a consagrarem, diariamente, suas vidas a Deus. E, assim, foram capacitados por Deus e se tornaram embaixadores do Senhor no mundo.
Este é o caminho da liderança espiritual.

O Senhor deseja que sejamos íntimos Dele; que estejamos, diariamente, em Sua presença, aos Seus pés, para ouvi-Lo, para falar com Ele, para receber Dele o que Ele já tem preparado para nós antes mesmo de nascermos; e tudo isso, irmãos, em comunhão com aqueles com os quais Ele nos conectou.
O melhor lugar para estarmos é aos pés do Senhor.

O Senhor quer que a gente discirna o que significa a sentença de morte sobre as nossas vidas.
O Senhor quer que saibamos que o nosso maior problema somos nós mesmos.
Por isso que Ele diz em Sua Palavra para não confiarmos em nós mesmos, e sim Nele que ressuscita os mortos. 2 Coríntios 1:9
Há várias coisas que não podem fazer parte da vida de um servo de Deus; por exemplo, a autoglorificação, a autojustificação, a autopiedade. Mas como se livrar delas? Não confiando em si mesmo, e sim no Deus que ressuscita os mortos.

Para Paulo, todas as suas tribulações eram recebidas das mãos do seu Senhor.
Paulo se gloriava na esperança da glória de Deus, mas também se gloriava nas suas tribulações. Romanos 5:1-3
Ele sabia que a tribulação produz perseverança. E nós, sabemos?
Se sabemos, então também nos gloriamos nas nossas tribulações.
O nome da pedra de tropeço que nos impede de sermos servos verdadeiros e úteis ao nosso Senhor tem apenas duas letras: “EU”.
Por isso que recebemos de Deus a sentença de morte, para não confiarmos em nós mesmos.

Na medida em que Deus encontra caminhos para tratar conosco, só então podemos ser úteis e agradáveis nas mãos de Deus.
Paulo não recebeu a sentença de morte do diabo, nem de homens, nem de circunstâncias, mas do próprio Deus.
E com esta sentença de morte sobre sua vida ele tinha plena convicção de que Deus havia tomado uma decisão santa em relação a ele, que foi tratar com ele.

Quando a verdade e o poder do Evangelho da graça e verdade deixarem de ser para nós apenas palavras escritas, letras de cânticos, frases de efeito, jargões etc., e passarem a ser vida diária com Cristo e uns com os outros, então é que experimentaremos realmente o poder da ressurreição de Cristo.

Agora sabemos que Deus nos deu a sentença de morte, mas precisamos recebê-la.
A Palavra do nosso Deus nos revela que toda tribulação e sofrimento pelos quais passaram os servos de Deus serviram para aperfeiçoá-los, santificá-los e consagrá-los a Deus, para que o propósito de Deus se cumprisse.
Sofrimentos mais a Palavra de Deus é igual a quebrantamento.
Quebrantado é aquele que conhece a Deus intimamente; que tem o espírito ensinável; que não confia em si mesmo; que foi vencido por Deus; que não fala apenas a Palavra de Deus, mas também a vive; etc.

Deus é tão gracioso que nos deu a sentença de morte; porque Ele sabe o quanto podemos confiar em nós mesmos.
Pode parecer estranho e terrível receber de Deus a sentença de morte para não confiarmos em nós mesmos, mas não é; na verdade, é graça de Deus; porque a contrapartida é: confiar em Deus que ressuscita os mortos.

Será que verdadeiramente recebemos de Deus a sentença de morte?
Será que temos trilhado o caminho da cruz?
Será que o trabalho da cruz tem operado em nós?
Será que realmente compreendemos o que é ser cooperador de Deus pelo Espírito Santo?
Será que a nossa liderança é realmente uma liderança espiritual?

Quando lemos as cartas de Paulo, claramente vemos que ele renunciou a tudo quanto tinha para que Deus trabalhasse em sua vida interior; vemos o homem que ele era e o homem que se tornou; conhecemos o caminho da cruz em sua vida; conhecemos seu amor, sua fé, sua esperança, sua perseverança, seu temor de Deus etc.
E quando as pessoas olham para nós, elas também veem essas coisas em nós?

Amados irmãos, o Senhor Deus está trabalhando em nossas vidas para que todas essas coisas sejam evidentes em nossas vidas.

Assim como Deus encontrou caminhos para trabalhar, por exemplo, nas vidas de Abraão e de Paulo, que Ele também encontre caminhos para trabalhar em nós.

Ao nosso Senhor seja a honra, o poder eterno, a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém.

 

 

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